terça-feira, 11 de maio de 2010

A Maria da minha vida


Parece que foi ontem, minha mãe entrou comigo num lugar grande cheio de coisas que eu nunca tinha visto, eu era bem pequeno e mal podia entender pra onde ela me levava pelas mãos e me disse: Olha filho! A mamãe do céu! Recordo-me que ao voltar os olhos para direção que seus dedos apontavam enxerguei duas cores: azul e branco e o rosto de uma mulher que eu nunca tinha visto antes. Era a mamãe do céu. Pensei comigo: Se minha mãe disse que ela é como mãe eu preciso confiar nela, afinal quem cuida de mim é minha mãe! Não podia expressar conceitualmente isso, mas sentimentalmente isso era suficientemente claro para mim.

Desde esse dia passei a entender que aquela mulher que minha mãe apontou iria substituí-la sempre que ela estivesse ausente. Até que um dia na catequese minha catequista disse uma coisa que me deixou frustrado. Essa é a mãe de Jesus! Vamos rezara. Fiquei com raiva, não podia ser verdade, afinal a minha mãe era só minha.

Passou o tempo e aquela senhora de azul e branco continuava a ser minha mãe. Até que um dia eu entendi que eu não era filho único, que eu tinha irmãos e que era preciso partilhar com eles as alegrias e tristezas, o alimento, os brinquedos e tudo que eu tinha inclusive minha mãe. Confesso que não foi fácil, às vezes vinham lágrimas por ter que dividir, mas ela me ensinou a partilhar tudo, até mesmo minha vida.

Fui crescendo em meio à simplicidade da minha família e um dia escutei o padre dizendo que aquela mulher de azul e branco era mãe de uma pessoa muito importante, de Jesus e que ele era Deus e mandava em tudo. Fiquei com medo e não queria mais chegar perto dela com medo de ser castigado, afinal, minha mãe sempre me disse que Deus castiga quem não se comporta bem. Imagina se ele descobre que eu queria roubar a mãe dele.

Minha mãe sempre foi muito preocupada comigo. Lembro-me que muitas vezes que ficava doente ela passava sempre no meu quarto pra ver se eu estava melhor, colocava a mão na minha testa e às vezes passava horas olhando pra mim e eu fingindo que estava dormindo só pra experimentar aquele amor. Foram também muitas as vezes que eu a fiz ficar nervosa e chorar pelas minhas incompreensões e até falei palavras feias, mas ela nem ficou com raiva de mim.

Uma vez fiquei tão mal que tive eu fazer uma cirurgia e ela lá sempre comigo, até dormiu no chão só pra não ter que deixar o hospital, algumas pessoas me disseram que ela chorou quando eu estava na mesa de cirurgia e ficou extremamente desesperada.

Hoje sei que foi ela que me carregou no ventre, que foi ela quem passou noites em claro cuidando da minha pequenez, que foi ela quem cuidou de mim quando fiquei doente e que me aconselhou quanto tinha dúvidas ou estava triste. Engraçado! Minha mãe nunca usou azul e branco, mas me mostrou que se Maria é mãe ela é igualzinha a ela.


Frei Wesley Dias Santos, OdeM

Nenhum comentário:

Postar um comentário